O Ministério Público do Chile deverá acusar o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, pelo sequestro e assassinato do ex-militar venezuelano Ronald Ojeda, que estava exilado em território chileno.
“Nós sustentamos que isso [o crime] foi organizado, e o sequestro e subsequente homicídio do senhor Ojeda foram encomendados da Venezuela”, disse o procurador responsável pelo caso, Héctor Barros, na quinta, 11 de abril, em entrevista à televisão chilena.
O MP encerrou a primeira fase e investigação sobre o assassinato de Ojeda.
Ele estava “numa estrutura de cimento, dentro de uma mala”.
Um adolescente venezuelano de 17 anos, em situação migratória irregular, foi detido. Outros dois autores do sequestro foram identificados e estão foragidos.
A morte de Ojeda Moreno foi encomendada pelo regime de Nicolás Maduro (com quem Lula se reuniu neste semana), no contexto do avanço da repressão em 2024, em pleno ano de eleições na Venezuela.
Segundo o sociólogo venezuelano Guillermo Pérez, o caso não repercute tanto em território venezuelano, mas disseminou medo entre outros ex-militares dissidentes do chavismo que fugiram para outros países, dentre eles o Brasil.
Pérez é o entrevistado do episódio do podcast Latitude que vai ao ar às 18h deste sábado, em transmissão exclusiva para assinantes de O Antagonista e Crusoé.
Sequestro de Ojeda Moreno
Ronald Ojeda (foto), um ex-militar venezuelano que se colocou como crítico da ditadura de Nicolás Maduro no país, foi sequestrado na última quarta-feira, 21, em seu apartamento em Santiago, no Chile.
A ditadura bolivariana de Nicolás Maduro colocou Ojeda como um dos líderes de um suposto plano internacional para matá-lo. Chamada de “Operação Bracelete Branco”, a operação teria a participação de 33 militares dissidentes das forças armadas venezuelanas considerados como “traidores da pátria”, entre eles o nome de Ojeda.
Na versão dos fatos narradas pelo governo de Maduro, o militar teria sido imediatamente delatado por Rocío San Miguel, uma analista militar e ativista de direitos humanos presa ao tentar embarcar em um voo em Caracas. Também crítica ao governo de Caracas, ela será julgada por “terrorismo” e “traição à pátria”.
Às vésperas de mais uma eleição de mentira — que deve mantê-lo no poder — Maduro também decidiu suspender na semana passada as atividades do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Venezuela, dando um ultimato de 72 horas aos funcionários do órgão para sair do país.
O motivo de Maduro ter tomado essa decisão foi o fato de funcionários da organização terem criticado as violações de direitos humanos na Venezuela, em duas ocasiões. Em 2019, o ditador aceitou a presença de um escritório com 13 funcionários do Alto Comissariado em seu país, assinando um memorando de entendimento.
O regime fez essa concessão com o objetivo de mostrar ao mundo que não desrespeita os direitos humanos, tanto que estava cooperando com as investigações sobre crimes contra a humanidade, tortura, detenções arbitrárias e desaparições forçadas.
Uma publicação do Alto Comissariado sobre Rocío San Miguel tratando o caso como um “desaparecimento forçado”, selou o destino do órgão da ONU.
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