Novas prisões de opositores a Maduro preocupam, e Brasil vai conversar com outros países sobre eleições na Venezuela | Política

Diante do calendário apertado e de recentes prisões de opositores, o governo brasileiro vai iniciar uma série de ligações para monitorar a situação da Venezuela, faltando pouco mais de 4 meses para as eleições presidenciais.

O pleito foi marcado para o dia 28 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Os contatos vão ser feitos com os países envolvidos no Acordo de Barbados, assinado no fim do ano passado, e que estabeleceu as diretrizes para que as eleições venezuelanas fossem realizadas.

Ainda não há data para as ligações acontecerem. De acordo com fontes do Palácio do Planalto, a expectativa é de que o Ministério das Relações Exteriores também participe das conversas com os outros países sobre a Venezuela.

O presidente Nicolás Maduro vai concorrer à reeleição. Uma coalizão de partidos de oposição escolheu como candidata a deputada María Corina Machado, que, em janeiro, foi declarada inelegível pela Suprema Corte controlada por Maduro.

Na última quarta-feira (20), o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que duas pessoas próximas à líder oposicionista María Corina Machado foram presas e que outras 7 eram alvo de mandados de prisão.

Entre essas 7 está Magalli Meda, principal aliada de María Corina Machado. O procurador-geral Venezuelano também acusou a oposição de planejarem “ações desestabilizadoras” contra o país. Os governos da Argentina e do Uruguai condenaram as prisões, enquanto o Paraguai e a Colômbia manifestaram preocupação e lamento com a situação na Venezuela. O Brasil não se manifestou.

Líder opositora da Venezuela rebate declaração de Lula

Lula conversou com Maduro sobre eleições

No dia 1º de março, durante a Cúpula dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), o ditador venezuelano Nicolás Maduro conversou com o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as eleições no país. E concordou com a participação de observadores internacionais acompanhando o pleito. De acordo com a assessoria de Lula, Maduro foi quem levantou o assunto das eleições.

Dias depois, Lula voltou a comentar eleições presidenciais na Venezuela. Questionado pela imprensa sobre se há condições para eleições “justas” na Venezuela, Lula afirmou que, em 2018, quando foi impedido de disputar as eleições presidenciais pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “não ficou chorando” e indicou outro candidato, Fernando Haddad.

Horas depois, María Corina rebateu Lula em uma rede social. Escreveu: “Eu chorando, presidente Lula? Você está dizendo isso porque sou mulher? Você não me conhece. Estou lutando para fazer valer o direito de milhões de venezuelanos que votaram em mim nas primárias e dos milhões que têm o direito de fazê-lo em eleições presidenciais livres nas quais derrotarei Maduro. Você está validando os abusos de um autocrata que viola a Constituição”.

No mesmo dia, a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto afirmou que, na entrevista, o presidente Lula não se referiu a ninguém especificamente, que apenas disse que ele, Lula, não chorou, relatando a situação que viveu. A secretaria disse que María Corina faz ilação sem base, já que Lula apoiou a eleição de Dilma Rousseff, primeira presidente mulher do Brasil.

Em maio do ano passado, Lula criticou as sanções internacionais impostas ao regime ditatorial comandado por Maduro e afirmou que bloqueios econômicos são piores que a guerra.

O presidente recebeu Nicolás Maduro para uma reunião fechada, em Brasília. Em discurso, defendeu Maduro e disse que as acusações de que a Venezuela é uma ditadura faziam parte de uma “narrativa”. A declaração repercutiu mal dentro do próprio encontro de presidentes.

Em junho, o presidente do Brasil voltou a comentar o regime de Nicolás Maduro. Em entrevista para a Rádio Gaúcha, Lula disse que o conceito de democracia “é relativo”. Mais tarde, no mesmo dia, Lula precisou baixar o tom, e disse gostar da democracia. “A gente gosta de democracia, a gente gosta de ter tem gente protestando contra a gente, a gente gosta quando tem greve contra a gente, a gente gosta quando negocia. Nada disso é contra a democracia”, disse Lula.

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