Brasil reforça fronteira em meio à tensão Venezuela-Guiana

Buscando aumentar sua presença na fronteira com a Venezuela e a Guiana, e em meio à escalada da tensão sobre Essequibo, o Exército Brasileiro (EB) enviou mais tropas para o norte, acompanhando um destacamento estratégico iniciado no início de dezembro de 2023.

No dia 13 de janeiro, cerca de 14 viaturas armadas Guaicurus, outros 18 veículos militares terrestres, além de 50 militares, partiram do 20º Regimento de Cavalaria Blindado, sediado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, escoltados pelo 9º Batalhão de Polícia do Exército, para Boa Vista, capital do estado de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana.

Em entrevista à Reuters, a embaixadora brasileira Gisela Padovan, uma das principais diplomatas para a América Latina e o Caribe, disse que a região de Essequibo, de difícil acesso, faz com que a principal ligação rodoviária entre Venezuela e Guiana seja através do Brasil, acrescentando que seu uso para fins militares não seria tolerado.

As unidades integraram o 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado, cuja força está sendo aumentada para cerca de 600 soldados em três esquadrões de cavalaria e um esquadrão de comando e apoio. Cerca de 50 veículos blindados chegaram a Boa Vista, desde o primeiro destacamento, no início de dezembro.

Os desdobramentos fazem parte da Operação Roraima, um esforço coordenado do EB para reforçar a segurança na fronteira norte do país. Outros blindados serão deslocados para Roraima vindos do sul e centro-oeste do país, informou o EB em um comunicado. Essa transformação, acrescentou o EB, já vinha sendo planejada desde 2009, para combater o crime transfronteiriço, incluindo o narcotráfico e o garimpo ilegal que as organizações criminosas transnacionais realizam na região amazônica. No entanto, o destacamento do 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado, inicialmente previsto para 2025, começou como resposta à atual situação geopolítica entre a Venezuela e a Guiana.

O Centro de Comunicação Social do Exército informou que, conforme sua missão Constitucional de Defesa da Pátria, vem mantendo, através de seu Sistema de Inteligência e de alertas, constante monitoramento e prontidão de seus efetivos para garantir a inviolabilidade das fronteiras brasileiras.

“Nesse contexto, foi antecipado um reforço de tropas e meios de emprego militar nas cidades de Pacaraima e Boa Vista. Além disso, a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, em Roraima, com seu efetivo de quase 2.000 militares, intensificou sua ação de presença naquela faixa de fronteira, visando atender, em melhores condições, à missão de vigilância e proteção do território nacional”, diz o comunicado do EB.

O regime de Nicolás Maduro tem aumentado suas reivindicações sobre Essequibo desde o polêmico referendo de 3 de dezembro, no qual os eleitores, segundo o regime, apoiaram a anexação da região – um fato que muitos especialistas contestam. A postura agressiva de Maduro levantou temores na região de um potencial conflito por um território que compõe dois terços da Guiana, território que a sentença arbitral de 1899 concedeu à então Guiana Britânica.

O Brasil tem acompanhado de perto e com preocupação a situação entre Venezuela e Guiana, pedindo uma resolução pacífica. “Se há uma coisa que não queremos é uma guerra na América do Sul”, disse o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro.

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