São Tomé mobiliza parceiros para financiamento da vacinação face a “desafios persistentes” – Observador
O Governo são-tomense promoveu esta quinta-feira uma reunião dedicada ao financiamento sustentável da vacinação, face aos “desafios significativos e persistentes” que tem registado, quando faltam dois anos para terminar o apoio da Aliança Mundial de Vacinação (Gavi).
“Este encontro é um marco importante na sua busca pela equidade no acesso à imunização pela construção de um futuro mais saudável para as nossas comunidades. Reconhecemos a relevância de encontrar soluções sustentáveis para garantir que as vacinas, ferramentas vitais para a saúde pública, continuem a ser acessíveis para todos”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense, Gareth Guadalupe, que presidiu à abertura do evento.
Além de membros do Governo, a reunião contou com a presença de representantes da Gavi e do corpo diplomático acreditados no país, setor privado e organizações da sociedade civil.
Gareth Guadalupe reconheceu “a necessidade de implementação de um plano de ação para uma transição suave ao nível de financiamento” das vacinas, sublinhando que “esse é um desafio global que requer cooperação, inovação e comprometimento unânime”.
O chefe da diplomacia são-tomense sublinhou o percurso do país marcado por “conquistas notáveis e desafios superados” na proteção das comunidades, com “profissionais de saúde dedicados”, parcerias estratégicas e compromisso da população “que tornaram possível alcançar altas taxas de imunização”.
“No entanto, enfrentamos desafios significativos e persistentes, especialmente na busca por financiamento contínuo para garantir o acesso às vacinas essenciais. Assegurar um financiamento adequado é essencial para sustentar e expandir os programas de imunização”, sublinhou Gareth Guadalupe.
O representante da Aliança Mundial de Vacinação (Gavi) apontou que São Tomé e Príncipe tem-se afirmado “como um exemplo brilhante de excelência na imunização“, destacando que, “apesar dos recentes riscos de retrocessos, o país possui altas taxas de cobertura de vacinas” e é “um modelo excecional em África”.
Emmanuel Bor referiu que “os resultados preliminares da última pesquisa nacional de cobertura” de 2023 mostram “uma redução preocupante na taxa de cobertura”.
O representante da Gavi apontou que a cobertura das duas “primeiras doses das vacinas contra a difteria, tétano e poliomielite e contra o sarampo” diminuirão em “cerca de 9 pontos percentuais”.
“A proteção contra o sarampo foi severamente afetada , com menos de 70% das crianças recebendo a primeira […] e apenas um em cada três recendo a segunda dose para proteção total”, referiu Emmanuel Bor.
O representante da Gavi sublinhou que, para reduzir o risco de surtos, “é imperativo que São Tomé e Príncipe dê prioridade ao restabelecimento do seu desempenho de alto nível na imunização com o objetivo de manter todos os indicadores acima do limiar de cobertura de 95%”.
Disse ainda que desde 2018 que São Tomé e Príncipe “entrou numa transição acelerada” para assumir o custo total das vacinas, que “deverá quase duplicar nos próximos três anos” prevendo-se que as necessidades de financiamento por parte do Governo cresçam de 100 mil dólares em 2023 para perto de 200 mil até 2027.
No entanto, Emmanuel Bor garantiu que “a Gavi fornecerá financiamento muito significativo em dinheiro para apoiar a formação, bem como alguns investimentos adicionais” até 2027.
O coordenador residente da Nações Unidas sublinhou que os países africanos, incluindo São Tomé e Príncipe, “devem agir agora e tomar medidas políticas fortes para reduzir a lacuna de vacinação e garantir que todas as crianças sejam vacinadas e protegidas e que não fique ninguém para trás”.
“O fim da contribuição da Aliança Gavi no programa de vacinação de rotina, terá implicações financeiras que terão de ser absorvidas pelo Governo. Para uma transição bem-sucedida e totalmente auto-financiada até 2026, é imperativo assegurar um financiamento público suficiente e previsível para os recursos humanos e as atividades de vacinação para os custos operacionais, especialmente pós-transição”, apontou Eric Overvest.
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