Presidente da República da Guiné-Bissau contesta sanções anunciadas pelos EUA – África

Presidente da República da Guiné-Bissau contesta sanções anunciadas pelos EUA

Umaro Sissoco Embaló frisa que a Guiné-Bissau “não é um país traficante”.



• Foto: Rodrigo Antunes/Lusa



Umaro Sissico Embaló


A Guiné-Bissau “não é um país traficante”, vincou esta quinta-feira em Lisboa o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, reagindo à decisão dos Estados Unidos de sancionar o seu país por falhas na luta contra o tráfico humano.

“Na Guiné-Bissau nós não somos traficantes. E nunca a Guiné-Bissau alinhou no tráfico humano. Eu já dei orientações ao ministro dos Negócios Estrangeiros [guineense Carlos Pinto Pereira]. Haverá alguma reação do Estado da Guiné-Bissau”, disse Sissoco Embaló, que falava uma conferência de imprensa em Lisboa.

As sanções dos Estados Unidos à Guiné-Bissau, que abrangem ainda a Guiné Equatorial e a região administrativa especial chinesa de Macau, anuncaidas quarta-feira, aplicam-se à “ajuda não humanitária e não relacionada com o comércio”.

“Porque nós condenamos. De facto, os Estados Unidos não têm e não podem pensar que a Guiné-Bissau é um Estado falhado. E nós também podemos caracterizar os Estados Unidos como um Estado agressor. Para mim isso é uma falta de respeito. É inadmissível. Não há pequenos Estados, há Estados, e nós temos que nos relacionar no respeito mútuo. Mas porque é que os Estados Unidos têm de sancionar a Guiné-Bissau? A Guiné-Bissau também pode sancionar os Estados Unidos”, acrescentou.

Instado a dizer de que forma o Estado guineense pode sancionar os Estados Unidos, Sissoco Embaló limitou-se a responder: “Nós somos um Estado. Essa é uma medida também que nós podemos tomar” sem detalhar.

“As nossas relações com qualquer outro Estado devem basear-se no respeito mútuo. Os Estados Unidos não podem sancionar a Guiné-Bissau porque nós não somos um Estado falhado”, frisou.

“Isso é inadmissível, inaceitável”, concluiu.

No anúncio da decisão de sancionar a Guiné-Bissau, os Estados Unidos consideram que há ressalvas desde que beneficiem o combate ao tráfico de pessoas ou o interesse nacional dos EUA, determinando-se exceções em programas que vão desde treino e formação militar, operações de manutenção de paz, de ajuda ao desenvolvimento e ligados à promoção de saúde.

Guiné-Bissau, Macau e Guiné Equatorial encontram-se na ‘lista negra’ dos EUA de países com medidas insuficientes para travar o tráfico de pessoas, situando-se no nível três, numa avaliação em que o nível quatro é o mais baixo.

Os EUA calculam que cerca de 27 milhões de pessoas no mundo são vítimas de tráfico humano e trabalhos forçados, um fenómeno que atinge sobretudo mulheres, pessoas da comunidade LGBT (sigla para lésbicas, ‘gays’, bissexuais e transgénero) e minorias étnicas e religiosas.

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