CPLP pede compensação pela não exploração de combustíveis fósseis ou tecnologias para reduzir impacto da actividade
As negociações prosseguem na COP28, no Dubai, e as discussões centram-se à volta das questões dos combustíveis fósseis. Neste sentido, a CPLP pede aos países desenvolvidos que dêem alternativas às nações de Língua Portuguesa com potencial a nível de exploração de petróleo e gás, por reconhecerem que a actividade tem grande impacto ao nível das alterações climáticas, disse hoje o porta-voz da organização.
A ideia é que os países desenvolvidos disponibilizem uma compensação pela não exploração dos recursos naturais ou que forneçam tecnologias que permitam uma exploração com menor impacto possível a nível do ambiente. As declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe e presidente do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foram feitas à Rádio Morabeza, no Dubai, durante a sua participação na COP28.
“Neste momento, segundo a própria estatística da CPLP, é nos países da CPLP que no último século descobriu-se mais de 50% daquilo que são combustíveis fósseis. Se eles têm um grande potencial ao nível de exploração de combustíveis fósseis, mas que ao mesmo tempo têm um grande impacto ao nível das alterações climáticas, é preciso que os países mais desenvolvidos ponham à disposição dos países da CPLP tecnologias para permitir que se essa exploração for feita, é feita de uma forma mais amiga do ambiente ou então financiamentos que permitem que eles possam deixar esses recursos naturais lá onde estão, mas que possam ser compensados pela não exploração desses mesmos recursos”, defende.
Os países da comunidade lusófona produtores de petróleo e gás são Angola, Brasil, Guiné-Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A dependência excessiva de combustíveis fósseis é um dos principais factores que aceleram as mudanças climáticas, com impactos perigosos na saúde humana em todo o mundo. No seu relatório publicado em Setembro, a Agência Internacional de Energia (AIE) e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estimam que a produção de combustíveis fósseis deve cair 83% entre 2022 e 2050 para se alcançar a neutralidade carbónica.
São Tomé e Príncipe assumiu, a 27 de Agosto, a presidência rotativa da CPLP para o período 2023-2025, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”. Na COP28, o porta-voz da comunidade lusófona destacou a importância de a voz dos jovens ser ouvida, ao mesmo tempo que se aposte na educação em questões que têm a ver com a mitigação e adaptação às alterações climáticas.
“Nós, nesse momento, somos o porta-voz da CPLP. Nesse sentido queremos, ao nível desta COP, falar um pouco sobre a juventude e sustentabilidade. O que é que nós temos vindo a presenciar nos últimos tempos? É que quando nós falamos das metas que têm a ver com as alterações climáticas ou com a mitigação das alterações climáticas, são metas de médio e longo prazo. E daqui a médio e longo prazo, não seremos nós os dirigentes políticos. É a nossa juventude. Por isso, é preciso educá-los, é preciso sensibilizá-los, mas é preciso também fazer a voz deles ser ouvida em tudo o que tem a ver com a mitigação e adaptação às alterações climáticas”, diz.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe e presidente do Conselho de Ministros da CPLP, Gareth Guadalupe, considera que não se pode estar a decidir pela juventude, sem que seja envolvida e sensibilizada sobre as questões das alterações climáticas.
A cimeira do clima, que começou no dia 30 de Novembro, no Dubai, debate estratégias de adaptação e mitigação, apoios financeiros, e faz um balanço de oito anos de acção climática, que a ONU diz ir em sentido contrário.
A Rádio Morabeza está no Dubai a convite da CFI – agence française de développement médias.
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