Compromissos voluntários e anúncios marcam arranque da COP28

Ainda sem projetos definidos, São Tomé e Príncipe prevê dedicar os 3,5 milhões de euros de dívida a Portugal convertida em financiamento climático à adaptação às alterações, adiantou hoje o primeiro-ministro.

Na sexta-feira, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram um acordo que prevê a conversão de parte da dívida são-tomense, no valor de 3,5 milhões de euros, em financiamento climático para os próximos dois anos.

O apoio foi hoje destacado pelo primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, que elogiou a “grande solidariedade e responsabilidade a nível global” do Governo português e afirmou que o montante permitirá o investimento em projetos ambientais, que não estão ainda definidos. “Nós, países insulares, temos muitos desafios”, disse o responsável, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro no Pavilhão de Portugal, na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no Dubai, Emirados Árabes Unidos, até 12 de dezembro.

Os efeitos das alterações climáticas, segundo Patrice Trovoada, são já bastante sentidos no dia-a-dia dos são-tomenses, sobretudo pelas populações que vivem junto à costa, devido à subida do nível do mar, e no setor da agricultura. “Éramos um país com quase 11 meses de chuva, hoje muito menos”, referiu, a título de exemplo.

Por isso, uma das prioridades do Governo é a sobrevivência e resiliência das pessoas e é nesse sentido que deverão ir os projetos a desenvolver com recurso ao financiamento climático. “Temos uma série de projetos que já estão identificados, projetos de resiliência climática, de ‘transfer’ de algumas populações que vivem na costa para zonas interiores, de proteção da costa”, adiantou o governante.

Na ilha do Príncipe, acrescentou, os vários projetos de proteção dos oceanos e da biodiversidade são exemplos positivos que importa multiplicar.

Por outro lado, o primeiro-ministro sublinha que a relação com Portugal poderá ser igualmente benéfica do ponto de vista da aprendizagem. “Portugal tem o ‘know how’ e no que nos diz respeito devemos aproveitar o avanço que tem em (energias) renováveis”, sustentou, referindo que a transição é energética é outra das prioridades de São Tomé e Príncipe.

Além de São Tomé e Príncipe, Portugal assinou também um acordo de conversão da dívida em financiamento climático, no valor de 12 milhões de euros, para dois anos. No final desse período, os resultados serão avaliados, com a possibilidade de alargar o mecanismo à totalidade da dívida dos dois países (mais de 160 milhões de euros).

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