Combustíveis fósseis: a Humanidade aproxima-se rapidamente da cisão. O processo é irreversível e vai ser feroz
Durão Barroso antecipa o fenómeno, suavizando-o: “Estamos a sair da globalização para a regionalização.” A declaração foi proferida recentemente, em Angola. Talvez não tenha sido por acaso. Angola é um dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Médio Oriente e África são as regiões mais representadas na OPEP. Argélia, Angola, Guiné Equatorial, Gabão, Irão, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, República do Congo, Arábia Saudita (líder da OPEP), Emirados Árabes Unidos e Venezuela são os treze países que compõem a Organização.
Em 2016, forma-se a coligação OPEP+. Aos treze membros formais da OPEP, aliaram-se Azerbaijão, Cazaquistão, Barém, Brunei, Malásia, México, Omã, Rússia, Sudão do Sul e Sudão.
Para os países da OPEP+, o valor do petróleo é incalculável. A criação de riqueza depende deste recurso.
A designada transição energética é uma urgência global. O Secretário-geral das Nações Unidas endurece o discurso. “A Humanidade abriu as portas do Inferno”, enfatizou desesperadamente António Guterres há alguns dias, na Cimeira da Ambição Climática, em Nova Iorque. A lista de oradores não incluiu Estados Unidos e China. Não é surpreendente, mas não deixa de acentuar o alarme.
Emmanuel Macron aproxima-se declaradamente da China, defendendo a “autonomia estratégica” da União Europeia em relação aos Estados Unidos. É importante recordar que não interessa a França ver a energia renovável retirar espaço à (sua) energia nuclear.
A crescente cooperação entre Rússia e Coreia do Norte é evidente. Nesta fase, a troca de armamento norte-coreano por recursos diversos russos é uma situação de ganhos para ambas as partes. A aproximação entre China e Coreia do Norte também é uma realidade. China, Rússia e Coreia do Norte procuram a “nova ordem mundial” a que Sergey Lavrov fez referência há alguns meses.
A Índia tem ajudado a Rússia a contornar as sanções impostas pelo Ocidente. Atualmente, a Rússia é o maior exportador mundial de petróleo para a Índia, e também para a China. Índia e China são os países mais populosos do planeta.
De acordo com a posição dúbia de Lula da Silva em relação ao conflito militar na Ucrânia, também não é expectável que o Brasil contribua para retirar à Rússia o poder global que o petróleo ainda lhe confere. E também o Brasil é um importante produtor de petróleo.
Não “estamos a sair da globalização para a regionalização.” Estamos a sair da globalização para a cisão. No processo de transição energética, as partes interessadas vão digladiar-se com impiedade. O petróleo vai desencadear um confronto feroz à escala global. É uma inevitabilidade.
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