Dia desses, cumprindo minha rotina diária de leitura de alguns jornais do planeta, subitamente atentei para a imensa quantidade de notícias retratando episódios de insensibilidade que somente a loucura mais refinada poderia explicar. O pior: praticamente todos eles envolvendo autoridades ditas “de alto nível”. Segue um resumo do que encontrei – e mais não cito por conta de absoluta falta de espaço.
Na Malaysia um dado deputado, comentando uma nova lei que penaliza abusos sexuais de menores, declarou que violadores e vítimas deveriam casar-se e “virar a página”. Acrescentou, em seguida, que muitas “raparigas” já estão preparadas física e espiritualmente para o casamento a partir dos 9 anos de idade.
Enquanto isso, na Europa, o presidente da República Checa foi gravado ao dizer, em recente conferência internacional, que “há demasiados jornalistas, deveríamos liquidá-los”. Por falar em “liquidar” pessoas, na África um outro presidente, o da Guiné Equatorial, assim expressou-se: “quando alguém agarra um delinquente, mesmo que o mate, nós não vamos permitir que a justiça detenha essa pessoa, porque o delinquente tem que saber que, quando vai roubar, pode ser morto”.
Mas retornemos à Europa, em cujo parlamento um Eurodeputado sustentou, “ao vivo e a cores”, que “as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais frágeis, menores e menos inteligentes”. Deve ser por isso que, na Itália, absolveu-se um estuprador sob o argumento de que sua vítima “não gritara”!
Na Índia o cenário para as mulheres é outro: um ministro, comandando uma campanha de distribuição de objetos de madeira parecidos com porretes, assim aconselhou-as: “se o seu marido estiver embriagado e ameaçar abusá-la bata nele”.
Nos EUA um congressista, debatendo em plenário a gravíssima questão da saúde, saiu-se com esta “pérola”: “ninguém morre por não ter acesso a cuidados de saúde”.
Encerro com a Austrália, país no qual parlamentares federais defenderam que traficantes de pessoas fossem pagos para devolverem suas vítimas à Ásia.
Diante destes episódios, todos, repito, protagonizados por autoridades do mais elevado nível – seja lá o que for isso – fiquei a recordar as palavras de William Shakespeare: “é uma infelicidade da época que os doidos guiem os cegos”.
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