O líder do golpe que destituiu o Presidente do Gabão, Ali Bongo, foi empossado na manhã desta segunda-feira como Presidente interino e aclamado por apoiantes entusiasmados, numa cerimónia transmitida pela televisão destinada a transmitir a imagem dos militares como libertadores de uma sociedade oprimida.
No oitavo golpe em três anos na África Ocidental e Central, oficiais do exército liderados pelo general Brice Oligui Nguema tomaram o poder a 30 de Agosto, minutos depois de ter sido anunciado que Bongo tinha vencido uma eleição que os militares anularam por considerarem sem credibilidade.
O golpe levou muitos apoiantes às ruas da capital, Libreville, mas gerou condenação no estrangeiro, incluindo da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), que anunciou esta segunda-feira a suspensão do Gabão até ao regresso à ordem constitucional.
Nguema foi ovacionado pelos oficiais militares e funcionários quando chegou à cerimónia e novamente depois de ter prestado juramento perante um painel de juízes do Tribunal Constitucional.
A televisão pública mostrou imagens de uma multidão a aplaudir e de veículos blindados a disparar para o mar para assinalar o momento.
No seu discurso, Nguema propôs reformas, incluindo uma nova Constituição a ser adoptada por referendo, novos códigos eleitorais e penais e medidas para da prioridade a bancos e empresas locais no desenvolvimento económico. Também afirmou que os exilados políticos serão bem-vindos de regresso ao país e que os presos políticos serão libertados.
Interrompido várias vezes por aplausos, descreveu o golpe, que pôs fim aos 56 anos de domínio da família Bongo no país produtor de petróleo, como um momento de libertação nacional e uma manifestação da vontade de Deus.
“Quando o povo é oprimido pelos seus líderes… é o Exército que lhes devolve a dignidade,” afirmou. “Povo do Gabão, hoje o tempo da felicidade com que os nossos antepassados sonharam finalmente chegou.”
Várias figuras do Governo de Bongo, incluindo o vice-Presidente e o primeiro-ministro, estiveram presentes na cerimónia. O chefe de Estado deposto permanece em prisão domiciliária. Foi eleito em 2009, depois da morte do pai, que chegou ao poder em 1967. Os opositores afirmam que a família fez muito pouco para partilhar a riqueza do petróleo e das riquezas minerais do Gabão com os 2,3 milhões de habitantes do país.
Nguema reiterou que o seu governo irá organizar eleições livres e justas, embora não tenha fornecido uma data para a sua realização. “Depois desta transição… pretendemos devolver o poder aos civis, organizando novas eleições que sejam livres, transparentes, credíveis e pacíficas,” declarou.
Já antes, o agora Presidente interino dissera que a junta iria avançar “rapidamente mas com firmeza”, embora tenha admitido que muita pressa poderia resultar em eleições carentes de credibilidade.
A CEEAC, após uma cimeira realizada na vizinha Guiné Equatorial que se decidiu pela suspensão do Gabão, apelou ao regresso rápido à ordem constitucional. “Todas as ameaças à paz, segurança e estabilidade de qualquer membro da CEEAC, como o Gabão, têm repercussões para os nossos países e comunidades,” afirmou o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, no encerramento da cimeira.
O principal grupo de oposição do Gabão, Alternativa 2023, que alega ser o vencedor legítimo das eleições de 26 de Agosto, apelou à comunidade internacional para encorajar a junta a devolver o poder aos civis.
Membros da Alternativa 2023 reuniram-se com Nguema no domingo, de acordo com uma fonte na aliança que informou a Reuters, sem fornecer mais detalhes. Reuters
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