Beatriz Roque Antunes tem 27 anos e desenhou o logótipo da Jornada Mundial da Juventude. Agora vê a obra ganhar vida por estes dias em Lisboa e não esconde a emoção, ficando com os olhos a brilhar ao falar do projecto. Graças a isso, foi uma das escolhidas para almoçar com o Papa Francisco, nesta sexta-feira, na Nunciatura Apostólica, ao lado de outros nove jovens. “Foi espectacular”, resume no rescaldo, em entrevista ao PÚBLICO.
Além de Beatriz, estiveram no almoço com Francisco mais dois jovens portugueses, Sebastião e Joana. Sentaram-se ainda à mesa mais alguns como Clara, do Peru; Luís Carlos, da Colômbia; Audrey, das Filipinas; Maria Madalena, da Guiné-Equatorial; e Pedro, do Brasil. Todos tiveram oportunidade de falar a Francisco sobre temas como a guerra, a velhice ou a eutanásia. Fora do almoço, ficaram os abusos sexuais no seio da Igreja portuguesa.
Como foi almoçar com o Papa?
Foi espectacular. Hoje quando acordei ainda não estava a acreditar. Soube há quase um mês, no início de Julho. Nunca achei que fosse possível. E, de repente, estava a almoçar com o Papa. É um sonho.
O que é que o Papa vos disse?
Acima de tudo ouviu-nos. Aliás, tem muito sentido de humor e pôs-nos logo muito à vontade. Disse-nos, em jeito de brincadeira: não venho aqui para falar, falem vocês. Nós ficámos todos muito nervosos.
O que é lhe disse?
Fomos dividindo a atenção entre todos porque sabíamos que éramos dez e todos queríamos poder conversar com o Santo Padre. Fomo-nos ajudando uns aos outros porque havia pessoas que só falavam espanhol, outras que só falavam inglês. Falámos de vários assuntos. Aquilo que me ficou mais na memória foi um assunto que eu levei, sobre o meu avô e uma experiência pessoal. O Santo Padre falou muito da relação dos jovens com os idosos e como nós temos de estar mais próximos deles, não só porque temos imenso a aprender, mas porque precisam muito de nós.
Falaram também sobre preocupações que nos inquietam?
Um dos convidados era da Palestina e, portanto, falou da sua questão particular, da realidade em que vive e de o que é viver constantemente em guerra. O Papa mostrou-se muito tocado com o seu testemunho e prometeu rezar por ele, por todos nós. Falámos sobre questões particulares sobre cada um dos nossos países, falámos da questão que o próprio Papa tinha falado, como da eutanásia em Portugal.
E dos abusos sexuais também?
Não falámos sobre os abusos. Acho que estávamos todos muito contentes por estar com o Papa e concentrados noutras preocupações. Foi bastante intimista, éramos dez convidados, além do D. Américo Aguiar e do cardeal-patriarca Manuel Clemente.
O que comeram?
Comemos à italiana um primi piatti [primeiro prato] de massa. Apesar de que foi muito complicado comer porque estava tão concentrada em falar e ouvir, que nunca fui dada ao multitasking, estava com dificuldades. O segundo prato com brócolos e com couve-flor. A sobremesa foi fruta e bolo de bolacha.
Como é estar a ver o logótipo que desenhou a ganhar vida nesta JMJ?
É estranho. Nunca vou ter um trabalho meu com tanta exposição. É inacreditável a dimensão que isto tem. Só agora é que consigo perceber essa dimensão. Estou muito contente também porque vejo que isto é um trabalho colaborativo. O que está é o logótipo que desenhei, mas com o contributo dos voluntários que depois fizeram acontecer. Tem sido muito bonito de viver.
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