Colonizar Marte sempre foi visto como um sonho distante, principalmente pela dificuldade de garantir energia constante em um ambiente tão hostil. Mas uma descoberta recente feita por cientistas da China pode mudar esse cenário. Usando o gás mais abundante do planeta vermelho, eles criaram uma forma de produzir eletricidade localmente, sem depender de envios da Terra. Entenda como essa inovação pode acelerar a chegada de missões tripuladas a Marte.
Energia a partir do ar marciano
Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC) criaram um sistema capaz de transformar o dióxido de carbono — principal componente da atmosfera de Marte — em eletricidade. A tecnologia se baseia em um ciclo termodinâmico parecido ao de Brayton, muito usado em turbinas a gás na Terra, mas adaptado para operar com os gases locais: CO₂, nitrogênio e argônio.
Esse sistema é um divisor de águas, pois elimina a necessidade de transportar gases nobres ou combustíveis da Terra, reduzindo custos e peso das missões. Além disso, o rendimento chega a mais de 22% e permanece estável mesmo sob as variações bruscas de temperatura marcianas. Em tempestades de poeira, mantém entre 39% e 46% da capacidade, provando ser uma solução resistente e confiável.
Bateria que aproveita o CO₂
Outro ponto promissor do projeto é a bateria de lítio-CO₂, que também usa o gás marciano durante a descarga de energia. Os testes alcançaram uma densidade de 373 Wh/kg e uma durabilidade de cerca de 1.400 horas, segundo artigo publicado na Science Bulletin. Essa bateria reforça a autonomia energética, essencial para longas estadias.
Um apoio essencial aos painéis solares
A proposta não é substituir totalmente os painéis solares, mas complementá-los em situações críticas — como as noites prolongadas ou quando o Sol fica encoberto por tempestades de poeira. Assim, é possível manter energia constante para aquecimento, suporte vital e funcionamento de equipamentos essenciais.
Além disso, como o sistema pode ser recarregado com o gás local após vazamentos ou falhas, não há necessidade de reabastecer insumos a partir da Terra, aumentando a segurança das missões. Também torna viável reduzir o tamanho de microreatores e radiadores, permitindo módulos habitacionais mais compactos.
Testes em breve no solo marciano
A China pretende testar essa tecnologia em solo marciano já em sua missão Tianwen-3, prevista para 2028. Essa etapa incluirá a coleta de amostras do solo e a validação do sistema de energia. Se bem-sucedida, a inovação representará um passo definitivo rumo a colônias humanas com produção de energia sustentável usando apenas os recursos do próprio planeta.
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